É evidente que, no âmbito deste trabalho, não podemos efectuar uma análise exaustiva dos materiais que os inimigos do nacional-social ismo (e do fascismo) exibem para comprovar as suas asserções acusatórias. Apontaremos, no entanto, um grande número de exemplos, suficientemente elucidativos, que confirmam a nossa incredulidade acerca do carácter culposo e abominável dos referidos movimentos e que mostram a necessidade urgente de uma revisão dos juízos pseudo-históricos hoje em voga, e tão prejudiciais à difusão e expansão do uníversalismo integral ou totalitarismo.
Comecemos pelo mais importante dos crimes contra a humanídade -- na terminologia do Tribunal Militar Internacional de Nuremberga (1) -- assacado ao nazismo: o extermínio dos Judeus. Desde os comunistas a certos meios imbecilmente reaccionários, é convicção assente que o III Reich seguiu uma política de massacre sistemático das populações israelitas que lhe tombavam nas mãos. São trazidos à baila depoimentos vários sobre o assunto e apresentados documentos supostamente decisivos. Examinemos uns e outros.
Principiemos pelos depoimentos.
[168]
O médico de Himmler, o finlandés
Félix Kersten, afirma ter-lhe aquele confidenciado que
Hitler ordenara a matança geral dos Judeus no Verão
de 1940. (2)
Segundo declaração de Rudolf Franz Höss, comandante
do campo de Auschwitz, «em julho de 1941 HimmIer convocou-me
a Berlim e disse-me mais ou menos o que segue: «o Führer
ordenou que se proceda à solução do problema
judaico na Europa. Alguns campos de extermínio existem
no Governo Geral ... Esses campos não eram eficazes. Visitei
o campo de Treblinka em 1942» ... «Penso que em Auschwitz
cerca de 3 000 000 de pessoae foram mortas». (3)
De acordo com o oficial das S. S. Dieter Wisliceny, o encarregado da solução do problema judaico na Europa, tenente-coronel das S. S. Eichmann, confiara-lhe que, em Abril de 1942 é que HimmIer assinara a ordem de aniquilamento (4)cujo texto escrito o referido Eichmann lhe mostrara.
Em face disto, notemos: 1.*) os testemunhos são contraditórios entre si; 2.*) em -todos é um terceiro que reproduz declarações em que, por seu turno, são referidas palavras de outrem ou factos respeitantes a outrem que não o declarante 3.*) Hitler e Himmler estão mortos e Eichmann tinha então desaparecido, sendo, portanto, extrernamente fácil endossar-lhe frases ou atitudes sem risco de desmentido.
E, a respeito do que afirmou Kersten, observamos parecer-no extremamente improvável que Himmler fosse confidenciar segredo de Estado a um médico estrangeiro.
Quanto a Wisliceny, reparemos que, apesar de os vencedore terem publicado toneladas de documentos alemães, ainda nã nos deram o prazer de publicar as ordens de Himmler que aquele sustenta ter visto. Além disso, nas pseudo-memórias de Eichmann lê-se: «não é exacto que o Reichsführer Himmler ordenasse por escrito o aniquilamento dos Judeus ... a verdade é que Himmler nunca escreveu uma linha sobre o assunto». (5)É certo que não acreditamos que Eichmann tenha feito quaisquer memórias, pois a revista americana Life, que apresenta aquilo que, descaradamente, chama «um importante documento histórico», começa, por confessar no prólogo que lhe antepõe: «Eichmann principiou a
[169] narrar a sua história a um jornalista alemão, ditando-a em ocasiões a um gravador magnetofónico ... Chegou às mãos de Life o volumoso texto de Eichmann. E agora ao cabo de seis meses dedicados à tradução, correcção e comprovação cabal da autenticidade do documento, Life pode, enfim, apresentar, etc.». (6)
Quer dizér, seria de Eichmann um texto só em certas ocasiões ditado a um gravador. Há mais, todavia. A Life teria dedicado seis meses «à correcção e comprovação cabal da autenticidade do documento». Que seja cabalmente autêntico um documento corrigido apenas mentes americanas o podem conceber. Em todo o caso, se as pseudo-memórias exibidas na Life não representam o depoimento de Eichmann, representam, já, a versão autorizada e última que o antinazismo oferece do «genocídio» contra os Israelitas. E por elas se vê que relegou para o museu das velharias a tese da existência de ordens escritas de extermínio. Wisliceny, que diz tê-las visto, decerto sonhou.
Finalmente encaremos as asserções de Höss, constantes de affidavit assinado em Minden a,14 de Março de 1946. Ele confirmou-as em novo affidavit de 5 de Abril do mesmo ano, em Nuremberga, e repetiu-as em audiência no Tribunal. (7)
Ora, no primeiro dos affidavits, Höss começa as declarações, de que reproduzimos um trecho, dizendo, que nasceu em 25 de Novembro de 1900 e, no segundo, sustenta ter 46 anos. Não cremos possível que um homem normal não saiba a idade que tem ou quando nasceu.
Por outro lado, Höss proclama que em Auschwitz foram aniquiladas 3.000.000 de pessoas. O pseudo Eichmann, porém, adverte: «considero essa cifra inverosímil. A própria capacidade do campo faz duvidar da sua exactidão». (8)
Tudo isto prova o «crédito» que nos podem merecer as declarações do mencionado Höss.
Passemos, agora, ao depoimento de Gottfried Boley, alto funcionário da Chancelaria do Reich. Asseverou ele que «em Fevereiro ou Março de 1943» esteve presente «a uma conferência acerca do problema judaico ... Os representantes do chefe da Sipo e do S. D. que assistiam a tal conferência sustentaram que os judeus sobreviventes deviam ser enviados à força para campos de
[170] concentração ou ser esterilizados. A assistência deve ter tido a impressão de que o objecto da conferência era a extermínio dos Judeus». (9)
Extraordinário testemunho. A assistência deve ter tido a impressão ... E ele, Gottfried Boley, que impressão teve? Porque a oculta? E, depois, se a assistência deve ter tido a impressão, quem nos garante que efectivamente a teve? E, se a não teve, poder-se-á continuar a considerar que o objecto da conferência foi o que Boley insinuou? Pois concebe-se acaso que o objecto duma conferência não seja do conhecimento dos que nela participam, dos que se reúnem precisamente para discutir tal objecto?
E, se o objecto da conferência não era o que Boley dá a entender, que prova o depoimento? Que o representante da Sipo e do S. D. eram pelo extermínio? Quem nos assegura, porém, que os seus propósitos triunfaram? Não é Boley !
Sucede também que, em Fevereiro ou Março de 1943, o extermínio dos Judeus começara, já, há muito, segundo Kersten, Höss e Wisliceny. Não se compreende, por conseguinte, que naquela altura houvesse, ainda, conferências cujo objecto fosse semelhante extermínio (que, pelo menos, já durava há quase um ano) e em que representantes dos chefes da Sipo e do S. D. estivessem a sugerir e a determinar em alternatíva as «técnicas» a seguir para o efeito -- campos de concentração ou esterilização -- como se se tratasse de algo a efectivar no futuro e não de um processus em plena realização, em que, necessàriamente, se empregavam já certos métodos.
Ou teremos, então, que situar o início dos morticínios en nova data (após Fevereiro ou Março de 1943)? Com esta é a quarta que aparece e se opõe às outras. Onde estará a verdade ?
E entra em cena o Dr. Wilhelm Hoettl, major das S. S. que, também, faz falar Eichmann.
Escutemos o primeiro: «Perguntei quantas» (vidas judaicas «tinha na consciência, e ele» (Eichmann) «respondeu-me que se bem que o número fosse um tremendo segredo, dizer-mo-ia porque eu, na minha qualidade de historiador, devia estar interessado em sabê-lo». (10) Comovente o respeito de Eichmann pela ciência histórica e seus representantes, e notável empenho o seu
[171] em esclarecer a posteridade sobre a extensão dos seus crimes. Anotemos que o Dr. Hoettl merece toda a fé, visto elucidar-nos assim: «lembro-me exactamente dos pormenores desta conversação que, evidentemente, me tinha perturbado a fundo, e já tinha dado precisões a esse respeito antes da derrota alemã a um serviço americano dum país neutro com que estava em contacto naquela época». (11)
Que homem ! Que memória ! E que carácter ! Logo, que indefectível confiança tem de nos inspirar tudo quanto diz !
Ocupemo-nos, agora, da oposição, em Nuremberga, do general das S. S. Otto Ohlendorf, o qual, com extraordinária docilidade, que lembra a dos réus do célebre processo de Moscovo, respondia ao representante da acusação, coronel Amen (lindo nome): «A expressão Einsatzgruppe foi empregada para designar o emprego dos destacamentos da Sipo na zona de operações. Um representante do chefe da Sipo e do S. D. seria afectado aos grupos de exércitos ou aos exércitos ... esse funcionário teria à sua disposição unidades móveis da Sipo e do S. D., sob a forma dum Einsatzgruppe dividido em Einsatzkommandos ... Nas zonas de operações dos Einsatzgruppen em território russo os judeus e os comissários políticos deviam ser liquidados ... quero dizer assassinados ... durante essa liquidação na zona de operações dos grupos de exércitos estes últimos tinham ordem de prestar apoio. Demais, sem essas instruções ao Exército, as actividades dos Einsatzgruppen não teriam sido possíveis ... A ordem prescrevia que a população judaica devia ser totalmente exterminada». (12)
Comecemos por notar que, segundo a testemunha, os chefes militares tinham conhecimento dessa ordem de liquidação através dum discurso que Hitler lhes dirigira e cujo conteúdo lhe fora referido, a ele, Ohlendorf, por Himmler, numa conversa privada que não incidia directamente sobre o assunto e ocorrida anos depois, em Maio de 1945. Ouçamos o próprio Ohlendorf expressar-se. Interrogado sobre se era, apenas, por uma dedução pessoal que afirmava estar o Exército ao par das ordens de extermínio, respondeu, com segurança: «Não é uma conclusão que eu próprio tenha tirado. Infiro-a do conteúdo do discurso que, de acordo com
[172] as declarações de Himmicr, Hitler teria feito aos comandantes em chefe». (13)
Simplesmente, questionado, em pormenor, acerca das referidas declarações que Hirmmler lhe fizera, durante a conversação de Maio de 1945, Ohlendorf só disse, textualmente, isto, nem uma linha mais: «Esse colóquio ... teve lugar muito tempo depois e não por tal motivo, mas reflectiu um ressentimento causado pela atitude de certos generais da Wehrmacht. Himmler queria significar que esses generais da Wehrmacht não podiam dessolidarizar-se dos acontecimentos, pois eram tão responsáveis como todos os outros». (14)
Que daqui se possam tirar, legìtimamente, as conclusões que Ohlendorf tira, parece-nos, por completo, inaceitável. As asserções deste último, ou manifestam má fé, ou um evidente desarranjo psíquico. Aliás, acontece que, no processo de Von Manstein ficou provado que, ao contrário do que proclamou Ohlendorf, o Exército não interviera de qualquer modo nas actividades dos Einsatzgruppen, tendo o promotor modificado a parte do libelo de que constava semelhante acusação, retirada, assim, implìcitamente. (15)
Por outro lado, nós lemos o seguinte, nas Diréctívas para os comandos da Sipo e do S. D. nos stalags, dimanadas de Berlim, com data de 17 de julho de 1941: «Em primeiro lugar devem-se descobrir todos os funcionários importantes do Estado soviético e do Partido, os revolucionários profissionais ... todos os judeus ... Cada semana o chefe do Einsatzkommando deverá dirigir por telefone ou em carta um relatório comportando: um resumo sumário das actividades da semana passada, o nome das pessoas definitivamente suspeitas ... Com base nesses relatórios de actividades a Direcção-Central de Segurança do Reich dará imediatamente ordens com vista às medidas a tomar». (16)
Ora não se compreende, em absoluto, que, sendo a missão dos Einsatzkommandos o extermínio dos Judeus, tivessem aqueles que comunicar às entidades superiores o número de israelitas, juntamente com outras categorias de indivíduos, e esperar ordens, com vista às medidas a tomar. Pois as ordens não estavam dadas? E, se havia medidas a tomar, superiormente, de caso para caso, onde vai parar a tese do extermínio sistemático ?
[173]
Acresce que o chefe do Einsatzkommando 6 do Einsatzgruppe C, confessa que, de junho de 1942 a junho de 1943: «2000 a 5000 pessoas foram executadas pelo gás ou pelo fuzilamento durante a duração do meu comando. Tratava-se de sabotadores, de criminosos profissionais, de terroristas; na grande maioria dos casos tinham agido por motivos pessoais, quer dizer: eram bolchevistas». (17)
Estranho, não é verdade, que um Einsatzkommando, com a tarefa de exterminar judeus só por serem judeus, ou esteja um ano num território em que não há judeus, ou um ano sem cumprir a sua obrigação?
A conclusão é que os dizeres de Ohlendorf devem ser sujeitos a caução.
Também Von dem Bach-Zelewsky, general das S. S., testeinunha afirmativamente acerca das ordens de extermínio para os Einsatzgruppen. (18) É claro que as suas asserções são tão suspeitas como as de Ohlendorf, pelas duas razões derradeiras que indicamos. E saliente-se, ainda, que Zelewsky sustentou que Himmler proclamara desejar diminuir a população eslava de 30.000.000 de almas, por meio de matanças, para as quais seria aproveitada a luta, antiguerrilheira, cujo comando fora confiado ao próprio Zelewsky, em fins de 1942. Pois a participação neste monstruoso plano (mesmo que houvesse a intenção de, no possível, o atenuar ou modificar, tratava-se sempre duma participação) não lhe valeu, ao que parece, nenhum processo por parte das autoridades aliadas. (19) Talvez que fosse essa a recompensa pelo depoimento no Tribunal de Nuremberga, ainda mais dócil e passivo que o de Ohlendorf. (Este, ao menos, considerava os morticínios de judeus contrários ao ideal nazi; Zelewsky levou a sua abjecção a sustentar o oposto e a afirmar que só após a derrota do nacional-socialismo passara a possuir uma consciência; e vestia a farda de oficial das S. S. desde 1930 -- o que, insista-se, nunca lhe trouxe as gravíssimas penalidades que atingiram a maioria dos seus camaradas, muitos deles tendo-se limitado a combater lealmente nas frentes de batalha.)
Abandonemos, nesta altura, depoimentos produzidos em processos ditos regulares (20) e encaremos o de Pelagia Lewinska sobre
[174] Auschwitz como campo de extermínio de Judeus (e de outras raças), contido no livro Vingt mois à Auschwitz. A páginas 183 e 184 procura, generosamente, inocentar os Soviéticos do massacre que indiscutìvelmente cometeram em Katyn (atribuindo-o aos ignóbeis nazis, é óbvio), e, em determinada altura, escreve o seguinte notável naco de prosa: «Recordo-me sobretudo duma tarde de Primavera em 1944 ... a ofensiva esperada no Oeste não começava: súbitamente espalhou-se uma notícia: a 5 de Junho ! Eles estão lá! ... Todas, mesmo as que nunca tinham ouvido falar do Havre, repetiam que tudo corria bem». (21) Que em 5 de Junho se soubesse em Auschwitz do desembarque no Ocidente que apenas teve lugar no dia 6, é maravilha que nos extasia. E também que se falasse no Havre, donde só muito depois se aproximaram a forças aliadas.
Não faremos uma mais desenvolvida análise da literatura «concentracionária», de que o volume de Pelagia Uwinska é um exemplar acabado, porque o tema já foi abordado e superiormente tratado por Paul Rassinier na obra Le Mensonge d'Ulysse. Rassinier, socialista militante, que esteve internado em Buchenwald, põe a nu as incongruências e falsidades de bom número de testemunhos livrescos, onde são afirmados os propósitos de exterminação nazis por parte de antigos deportados. Não resistimos a referir o episódio interessantíssimo do Abbé Jean-Paul Renard. No trabalho do Irmão Birin Dezasseis meses de Prisão em Buchenwald-Dora (traduzido para português) foi inserido, como documento precioso, um poema desse digno eclesiástico. Tal poema, escrito na primeira pessoa, «eu vi, eu vi e vivi, etc.», contém passagens do teor seguinte: «Eu vi entrar nos duches milhares e milhares de pessoas sobre as quais eram lançados gases asfixiantes no lugar de água / Eu vi furar o coração dos inaptos para o trabalho».
Rassinier escreveu ao abade observando que não havia câmaras de gás em Buchenwald e Dora e que não passava de fantasia proclamar que presenciara as picadas no coração dos inaptos para o trabalho. A resposta foi esta: «De acordo, mas trata-se apenas duma maneira de dizer (une tournure littéraire) ... e visto que apesar de tudo tais coisas se passaram algures (quelque part), isso não tem importância nenhuma». (22) Sem comentários.
[175]
Após um rápido exame dos depoimentos, passemos aos
documentos. Em primeiro lugar, como prova do propósito
de aniquilamento dos Hebreus, são exibidos dois textos
proclamados autorizadíssimos. Uma alocução
de Himmler no congresso dos generais das S. S., em Posen, a 4
de Outubro de 1943, em que se fala da «evacuação
dos judeus, do extermínio do povo judaico», (23) e o Diário
de Hans Frank que, v. g., regista o discurso proferido na
sessão de encerramento da reunião do gabinete do
Governo-Geral da Polónia de 16 de Dezembro de 1941, onde
o mesmo Frank teria bradado adevemos exterminar os judeus por
toda a parte em que se encontrem». (24)
Comece-se por notar que Wisliceny, no seu depoimento, declarou que a ordem de Himmler acerca do extermínio era dirigida aos chefes da Sipo e do S. D. e ao inspector dos campos de concentração, levando a indicação de «extremamente secreto». (25) Aliás, a tese do segredo sobre tal projecto é admitida por um notório e autorizado especialista hebreu, dum antinazismo à prova de bala: Leão Poliakov. Afirma este último: «O véu de um segredo absoluto cobria a obra de extermínio e aqueles que nela tomavam parte eram obrigados a observar, sob pena de morte, o mais absoluto silêncio». (26) Sendo assim, é crível que Hans Frank e HimmIer se pusessem, sem necessidade, a falar, diante de assembleias mais ou menos numerosas, do que se procurava ocultar de forma drástica? Nem nos venham dizer que os membros do gabinete do Governo-Geral da Polónia ou os generais das S. S. representavam os artífices da política de extermínio, aos quais, portanto, nada havia a esconder. Dos generais das S. S. vários limitavam-se a combater na frente, em fraternidade de armas com a Wehrmacht. E do gabinete do Governo-Geral da Polónia faziam parte meros funcionários administrativos a quem só loucos iriam revelar tremendos segredos de Estado.
Por conseguinte, para quê elucidar uns e outros do que, a todo o custo, se procurava encobrir? Com que fim aumentar gratuitamente os riscos de inconfidência?
Acresce, quanto ao Diário. de Frank, que, já em 2 de Dezembro de 1939, se fala nele nos «relatos da imprensa sobre as execuções dos Judeus». (27) Trata-se, ainda, de nova data para
[176] o começo do alegado massacre, em contradição com todas as anteriores?
Depois, na mesma reunião de 16 de Dezembro de 1941, seria também dito por Frank o seguinte: «As sanções mais graves devem ser tomadas contra os judeus que abandonem o gheto. As condenações à morte pronunciadas contra judeus por tal delito serão no futuro executadas sem demora». (28) Mas, pergunta-se: é concebível que usasse semelhante linguagem quem, nessa reunião, teria exclamado «devemos exterminar os Judeus onde quer que os encontremos»? Como é que Frank consideraria as condenações à morte pronunciadas contra judeus por abandono do gheto «as mais graves sancões», se porventura os judeus estivessem todos, sem distinção, votados ao massacre? Que possuiriam de especialmente grave tais sanções nesta última hipótese?
No que respeita ao discurso de Himmler, encontramos nele as passagens que passamos a transcrever: «o povo judeu será exterminado, diz cada membro do partido, é claro, está no nosso programa: eliminação dos judeus, exterminação; faremos isso», quando, linhas a-trás, proclama: «em público nós não devemos nunca falar nisso» (no extermínio dos Judeus). É assaz estranho que Himmler ache que se não deve falar em público do que está no programa do partido, que é o mais público possível, e, igualmente, que sustente estar no programa do partido o que não está lá, por muitas voltas que lhe demos. O Reichführer nunca teria lido o programa a que se refere ?
Também se invoca para prova dos satânicos intentos do nacional-socialismo em relação aos Israelitas, o relato da entrevista entre Hitler e o almirante Horthy, da pretensa autoria do intérprete Schmidt. Teria dito o primeiro daqueles estadistas, em 17 de Abril de 1943: «Os Judeus não são senão parasitas. Na Polónia a situação foi inteiramente resolvida; lá, se os Judeus não queriam trabalhar, eram fuzilados e, se não podiam trabalhar, deviam morrer. Deviam ser tratados como germes de tuberculose capazes de contagiar um organismo são». (29)
O texto parece um cerzido de frases sem nexo. É esquisitíssimo que o Führer fizesse uma distinção entre os que não podem trabalhar e os que não querem trabalhar para lhes dar destino
[177] idêntico; é esquisitíssima a separação entre o «ser fuzilado» para una e o «devem morrer» para outros (isto não envolve já aquilo?) e é ainda mais esquisito que a entes comparáveis aos germes da tuberculose, os quais parece merecerem combate, todos indistintamente, seja necessário dividi-los em categoriae -- os que não querem trabalhar e os que não podem -- para lhes marcar as respectivas posições e destinos, afinal, na essência, idênticos. E isto é tanto ou mais de admirar quanto três linhas atrás se põe na boca de Hitler a seguinte frase: «onde os Judeus estão entregues a si próprios, por exemplo, na Polónia, reinam a miséria e a podridão mais absolutas». Teria sentido declará-los «entregues a si próprios» se estivessem sujeitos ao regime que logo abaixo é descrito?
De resto, se houvesse um plano de extermínio a ser executado, por que motivo se referiria Hitler só à Polónia? Mesmo admitindo que os hebreus do Ocidente foram deportados para Leste a fim de serem eliminados, (temos de convir que o Leste não se reduzia à Polónia. (30)
É claro que tudo se explica se lermos as memórias do suposto autor do relatório que analisamos. Diz Schmidt: «em 1943, ... a 16 de Abril chegou Horthy. Não soube nada de preciso sobre as suas conversações com Hitler porque não só não tive de servir de intérprete mas também o almirante me recusou como mero secretário para tomar notas». (31)
Por conseguinte, a ser dele o aludido relatório, a verdade é que se baseia em nada de preciso; é uma bela obra de imaginação.
Consideremos, a seguir, outro documento: um relatório do inspector do armamento na Ucrânia, cuja, assinatura é ilegível e acérca de cuja identidade, pelos vistos, nem o douto Tribunal de Nuremberga nem o Centro de Documentação judaica Contemporânea experimentaram grande curiosidade. Escreve o inspector desconhecido: «Imediatamente depois das hostilidades a população judaica a princípio foi deixada em paz. As formações especializadas de polícia de ordem só procederam a fuzilamentos organizados semanas e até meses mais tarde». (32) A data do relatório é de 2 de Dezembro de 1941, a cinco meses do início das hostilidades (22 de junho). Contudo, em consequência de tais fuzilamentos, iniciados, até, meses depois da invasão, só na
[178] Ucrânia refere «150 a 200.000» mortes. (33) Não esqueçamos que segundo Ohlendorf, os Einsatzgruppen eram quatro para toda a U.R.S.S. (34) e que, de começo, não chegavam a 1000 os seus componentes, incluindo serviços administrativos. Além disso de acordo com o mesmo Ohlendorf, que operou na Ucrânía, massacre começou imediatamente, e nem se percebe porque aguardariam semanas e meses para se executar ordens recebidas no início da campanha. (35) Onde estará a verdade, pois? Por último reparemos no seguinte, que é muito importante. O inspector en causa fala nas execuções em geral e o seu «número atingindo fàcilmente 150 a 200.000 na parte da Ucrânia controlada pelo Comissariado». Isto em 2 de Dezembro. Pois em 15 de Novembre de 1941, o comissário do Reich para os territórios ocupados do Leste dirígia-se ao seu ministro nestes termos vigorosos e enèrgicamente irónicos: «Proibi a execução de judeus» (note-se que se não trata da execução dos Judeus) «em Libau porque não podia assumir a responsabilidade pelo modo como decorria.
Rogo o favor de me fazer saber se a pergunta de 31 di Outubro deve ser considerada uma ordem no sentido de que todos os judeus dos territórios do Leste devem ser liquidados ... Não tive ocasião de encontrar nenhuma ordem desse gênero nem nas directrizes respeitantes à questão judaica, (contidas no Livro Castanho) nem em outras regulamentos. Lohse». (36)
Em 18 de Dezembro, era dirigida a resposta a Lohse: «Na questão judaica encontros pessoais já lhe devem ter dado esclarecimentos ... Os problemas que surgirem doravante deverão sei regulados directamente com o chefe superior das S. S. e da Polícia. Por ordem, Brautigam». (37)
Ora, se só em 18 de Dezembro Berlim esclarecia o comissário do Reich paxa os territórios do Leste no que tocava à conduta para com os Judeus, como pretender, conforme o feu o inspector desconhecido, que em toda a U.R.S.S., em 2 de Dezembro, já se tinham desenrolado massacres horríveis? Pois não foi expressamente dito por Lohse, em 15 de Novembro, que ató então não tinha notícia de nenhuma ordem nesse sentido? E apenas em 18 de Dezembro lhe confirmaram superiormente o que já ouvira verbalmente.
[179]
Prossigamos, no entanto. É apresentado, também,
qual documento comprovativo, um ofício de 16 de Dezembro
de 1941 do comissário-geral para a Rússia Branca,
Kube. O seu texto é de um absurdo notável. Começa-se
por ler «os Judeus morrerão sem dúvida de
frio e fome nas próximas semanas» e, logo a seguir,
vem a perguntar: «será preciso confiar esse massacre»
(dos Judeus) «aos Lituanos e Letões detestados pelas
populações daqui?». (38)
Além disso, está em franca contradição
com a ausência de directrizes acerca da questão judaica
sustentada por Lohse. E sublinhe-se que o ofício de Kube
era, precisamente, dirigido ao comissário do Reich par
a os territórios de Leste, Heinrich Lohse.
Ocupemo-nos, agora, dos relatórios dos Einsatzgruppen. No Relatórío Geral até 15 de Outubro de 1941 do Einsatzgruppe A consta que, na Lituânia,, o número de execuções de judeus ascendeu a 71.105. Isto no texto, porque no anexo aparece já uma cifra superior a mais de 80.311, referida a 25 de Outubro de 1941, não se compreendendo bem a desarmonia entre o corpo do relatório e o seu apêndice. (39) Adiante.
No referido relatório, lê-se que «a primeira cidade da Lituânia onde esta operação teve êxito foi Kauen. Qual não foi o nosso espanto ao verificar que não era assim simples organizar um pogrom judaico de alguma importância. Foi Klimatis o chefe do grupo de guerrilheiros já mencionado, que, abordado por nós, conseguiu organizar um pogrom que não mostrava nenhuma ordem ou até sugestão alemã. Tinha agido conforme as directrizes de um pequeno comando avançado empenhado em Kauen. Durante os primeiros pogroms na noite de 25 a 26 de junho os guerrilheiros lituanos desembaraçaram-nos de 1300 judeus». (40) Atrás, porém, deparamos com o seguinte: «fizemos as primeiras experiências sobre o assunto (41)a 25 de Junho de 1941, data em que um pequeno comando de reconhecimento, sob as minhas ordens, entrou em Kovno, simultâneamente com os destacamentos de primeira linha da Wehrmacht». (42) Note-se que Kauen e o nome alemão de Kovno, e estranhe-se que, no mesmo documento, se ortografe de maneira diferente o nome de uma cidade. E sublinha-se que os tais pogroms, difíceis de organizar, foram, pelos
[180] vistos, montados com a rapidez dum relàmpago. No próprio dia da entrada em Kovno dum destacamento avançado, que acompanhava forças de primeira linho do Exército, isto é, quando a conquista não estava ainda consolidade, tinha lugar imediatamente um pogrom -- e considerava-se que estes eram difíceis de organizar. Que mais se quereria?
Analisemos, para finalizar, o Relatório n.* 5 sobre a actividade e a situação dos Einsatzgruppen da Sipo e do S. D., na U.R.S.S., de 15 a 30 de Setembro de 1941. Somos assim informados: «A) Territóros do Leste ... Estas medidas elevaram a 75.000 o número das pessoas liquidadas por um Einsatzkommando. O Einsatzkommando das regiões de Rokiskis, Sarasai, Perzai e Prienai acaba de atingir, pelas mesmas razões, a cifra record de 85.000 execuções». (43) Pois bem ! Os territórios do Leste são, aqui, evidentemente, sinónimos dos países bálticos, visto que deles se exclui a Rússia Branca e a Ucrânia, englobados, respectivamente, nas alíneas B) e C).
E principie-se por anotar que dois Einsatzkommandos até 30 de Setembro teriam executado mais gente do que todo o Einsatzgruppe até 15 de Outubro (segundo o Relatório Geral que já citámos, de resto bem pouco merecedor de confiança e que indica um total de 135.567).
Continuemos, contudo. As populações judaicas somadas da Estónia e da Letónia, no início da ocupação alemã, não atingem 75.000 almas, conforme resulta dos «Relatórios provindos dos Territórios ocupados do Leste», n.* 6 e n.* 7, que com a sua insuspeita autoridade o investigador hebreu Leão Poliakov confirm. (44) Aliás, na Estónia e na Letónia, pelo menos em 31 de Outubro de 1941 e 17 de Fevereiro de 1942, havia ainda, judeus, consoante decorre, respectivamente, do relatório n.* 6 sobre a actividade e a situação dos Einsatzgruppen da Sipo e do S. D. na U.R.S.S. de 1 a 31 de Outubro de 1941 e do relatório n.* 9 sobre a actividade etc. de 1 a 31 de Jaineiro de 1942. (45) Não é admissivel, portanto, que as populações israelitas daqueles países tivessem sido liquidadas até 30 de Setembro.
Logo temos de admitir que os dois Einsatzkommandos mencionados no documento operavam na Lítuânia. Nesta última, pois,
[181] até 30 de Setembro foram exterminados 150.000 judeus. Simplesmente, acontece que o relatório de 30 de junho de 1942 do Einsatzgruppe A fixa a população judaica da Lituânia em 150.000 habitantes, o que Poliakov aceita. (46) E o relatório n.* 9, de 1943, já referido, fala dos judeus que na Lituânia «restam». (47) Contudo que possam restar judeus em 1942, quando em Setembro de 1941 tinham de estar totalmente liquidados, é mistério impenetrável que ultrapassa o nosso entendimento.
Ocupando-nos duma boa série de documentos e testemunhas acerca do genocídio dos judeus atribuído ao nacional-socialismo, mostrámos as inúmeras obscuridades, absurdezas e incongruências que neles estão contidas. Nada mais natural, pois, que os consideremos sem valor probatório.
Todavia, não nos dedicando, já, à análise, dos documentos ou testemunhos um por um, vamos, agora, passando à ofensiva, opor um conjunto de factos e textos às teses expressas em tais documentos ou testemunhos, invalidando, assim, quaisquer outros que venham a ser apresentados ou de que não nos tenhamos ocupado (e reforçando a nossa anterior argumentação).
No que diz respeito aos Einsatzgruppen fazemos notar que, em 20 de janeiro de 1942, Heydrich, numa reunião em Wannsee em que foi abordado o problema da «evacuação dos judeus para Leste, solução adoptada após acordo do Führer», (48) indica existirem na Europa, na data, cerca de 11.000.000 de israelitas. (49) Destes, 5.000.000 habitantes a U.R.S.S., dentre os quais pertenceriam à Ucrânia 2.994.684 e 446.484 à Rússia Branca. No que diz respeito àquela primeira o número parece exagerado, (50) já o mesmo não sucedendo, porém, quanto à Rússia Branca, correspondendo aí ao total de judeus existentes em 1940, de acordo com a opinião do próprio Leão Poliakov. (51) Ora isto seria admissível se os Einsatzgruppen tivessem, há sete meses, iniciado a sua terrível e feroz tarefa de destruição? Conceber-se-ia que, no começo de 1942, a população judaica da Rússia Branca fosse idêntica à de um ano atrás, depois de por todo o território soviético se exercer uma política de extermínio sistemático, desde a data da invasão, ou seja, desde Junho de 1941 ? Mais ainda: Como é que Heydrich julgaria que fosse possível existirem ainda
[182] cerca de 3.000.000 de judeus na Ucránia, apesar da acção dos Einsatzgruppen, tão feroz que se pretende que apenas dois dos seus Einsatzkommandos até Setembro de 1941 mataram respectivamente 75.000 e 85.000 hebreus, conforme vimos atrás? E porque é que não há uma alusão à rápida diminuição da população judaica, que se deveria estar a verificar graças aos citados Einsatzgruppen, diminuição muito a tomar em conta quando se tratava da evacuação dos judeus em geral para Leste? Como se explica que, em pleno período de aniquilamento, se apresentem dados referente aos habitantes israelitas na U.R.S.S. sem expressa referência à sua provisoriedade?
Ocupemo-nos, depois, dos célebres campos de concentração, que, a pormos de parte os Einsatzgruppen, seriam o instrumento único que restaria da tão falada política de liquidação física. A setença do doutíssimo e honestíssimo Tribunal Internacional de Nuremberga, no primeiro dos processos (o dos «grandes criminosos de guerra») alude a «certos campos de concentração escolhidos para tal efeito», embora mais adiante se refira «ao extermínio dos judeus nos campos de concentração», (52) sem formular já destrinças especiais, Diga-se, de passagem, que admiramos a sabedoria dos juízes de Nuremberga. Se, por um lado, dão o seu contributo à tese de que os campos de concentração (não militares) se destinavam a eliminar os Israelitas, por outro, se se lhes objectar que, em tal campo, estes eram bem tratados, a resposta já está dada: esse campo não era dos especialmente escolhidos para a eliminação.
Encaremos as duas hipóteses. Comecemos por admitir que apenas em determinados campos se praticava o extermínio dos judeus. De que campos se tratava? A já mencionada sentença do íntegro Tribunal de Nuremberga cita exemplificativamente Auschwitz e Treblinka. Poliakov acrescenta-lhes: Chelmno, Sobibor, Belzec, Maïdanek (o último com restrições). (53)
Comecemos por frisar que todos estes campos, ditos de exterminação, ficam situados para além da «cortina, de ferro», isto é, em zona onde ninguém penetra livremente e não pode livremente examinar, em consequéncia, o «local do crime.»
Depois, sucede que, de acordo com a nunca assaz citada sentença do douto Tribunal de Nuremberga, nos campos de que
[183] estamos falando os judeus eram liquidados «em câmaras de gás». Ora a verdade é que, segundo o rábido antinazi e deportado de Buchenwald, Eugene Kogon, apenas «um muito pequeno número de campos tinham as suas próprias câmaras de gás». (54) E cremos que uma boa meia dúzia não se pode considerar um muito pequeno número. Enfim, passons.
O que mais importa notar, e nos parece decisivo, é que, dentre os aludidos campos de extermínio, Auschwitz ocupa um lugar privilegiado. A acreditar no que nos contam, teriam morrido lá 3.000.000 de judeus -- metade do total dos «exterminados» pelo nacional- socialismo, que seria de 6.000.000, nos termos da sentença de Nuremberga já referida. E salienta-se que a mesma sentença diz que do mencionado número «quatro milhões pereceram nos campos de extermínio». (55) Quer dizer: Auschwitz quase que só por si simboliza a liquidação dos Hebreus. Os restantes cinco campos não passariam de insignificâncias. Esclareçamos que Auschwitz estava dividida em várias zonas e aquela onde se realizava o extermínio era Birkenau-Auschwitz 2. (56) Pois beem ! No boletim clandestino judaico Shem, destinado a dar informações às familias dos deportados, lê-se, no número de julho de 1944: «Região Kattowics-Birkenau-Wadowics ... A vida nesses campos é suportável dada a proximidade, dos campos de trabalhadores não judeus e por vezes o trabalho em comum». (57) Eis, portanto, desmentida pelos próprios judeus, nas páginas dum orgão que se não destinava à propaganda, antes se limitava aos círculos hebraicos, a, lenda de Auschwitz-Birkenau. E frise-se que, no Shem, se se afirma que, em certo campo, «a mortalidade é terrível», está a aludir-se a Myslowits, Poço Hans, e não a Sobidor, Treblinka e quejandos, sobre os quais Shem nem fala. Estranha silêncio, se se pretende hoje em dia que já em 1942 eram conhecidos tais campos e que se tinham transmitido informes a respeito deles para a Suécia e para a Inglaterra. (58)
Que motivos nos restam, por conseguinte, para acreditarmos na tese da existência de campos de extermínio? Nenhuns, é óbvio.
Passemos porém, a ocupar-nos da segunda das hipótese atrás formuladas. A liquidação dos Judeus ter-se-ia levado a cabo,
[184] indiscriminadamente, em todos os campos de concentração, através das condições de vida dos mesmos. E, então, perguntaremos, como se explica que em 21 de junho de 1943 Himmler disponha que «todos os judeus ainda presentes nos territórios do Leste sejam reunidos em campos de concentração» ? (59) É certo que ninguém marca expressamente o início da liquidação dos Judeus para mais tarde que o ano de 1942. E concebe-se que, sendo os campos de concentração a instrumento privilegiado de semelhante projecto, apenas em meados de 1943 HimmIer se preocupasse com mandar recolher a tais campos os judeus ainda presentes nos territórios do Leste (e que teriam miraculosamente escapado à fúria dos Einsatzgruppen) ?
Além disso, a constituírem os campos de concentração o meio de que se serviu o nazismo para a sua política de extermínio, como se explica que, segundo os mais insuspeitos testemunhos, a autoridade nesses campos fosse entregue aos próprios detidos, enquanto as S. S. e outros elementos ùnicamente praticavam uma vigilància nominal e imperfeitíssima?
Eugene Kogon, por exemplo, escreve: «As Direcções S. S. dos campos não tinham capacidade para exercer sobre dezenas de milhar de detidos outro contrôle senão exterior e esporádico». (60) Paul Rassinier, por seu turno, informa-nos: «Sabe-se que as S. S. delegaram a detidos a admnistração e direcção dos campos. Há, pois, Kapos (chefes de comandos), Blockältester (chefes de blocos), Lagerschutz (polícias), Lagerältester (decanos ou chefes de campos), etc., toda uma burocracia concentracionária que exerce de facto toda a autoridade ... se se contentasse com comer menos e bater menos a burocracia concentracionária teria podido salvax a quase totalidade dos detidos». (61)
E David Rousset, a propósito do caso Dotins-Hessel, debatido em tribunal, elucida-nos, desta modo, sobre o «universo concentracionário»: «Alfred Balachowski ocupava um posto importante no Instituto de Higiene. Chegado em janeiro de 1944 a Bunchenwald partiu imediatamente para Dora como simples trabalhador. Foi chamado pela intervenção de Ding, que soube que ele tinha sido chefe de laboratório no Instituto Pasteur ... A partir do momento em que foi encarregado duma cultura de bacilos
{185] tornou-se uma potência. Podia fornecer a boa vacina e tratava-se duma moeda de grande valor. Mas segundo a mentalidade particular da aristocracia concentracionária podia também espalhar tifo; dispunha dos pilotos. Os aristocratas consideravam-no, pois, como um autoridade com a qual se impunha contar. O problema do Poder era duma importância capital. Pode dizer-se mesmo que era o grande problema». (62)
Quanto ao Irmão Birin, eis que nos diz, significativamente: «Em Dora foram os condenados reincidentes alemães e polacos que passaram a exercer a autoridade». (63)
E a própria Pelagia Lewinska, no meio dos seus delírios e fantasias, não deixa de admitir: «A bem dizer as detidas nomeadas pelas autoridades é que eram os nossos chefes directos. A extensão do seu poder sobre nós era tão grande que sentiamos mais pesair sobre nós a ameaça dessa espada cega do que a mão alemã que a dirigia. Eram elas que dirigiam e vigiavam o trabalho, dividiam as rações, formavam-nos para a chamada ... Elas puniam ... Condenavam à morte». (64)
Estes são os depoimentos de deportados todos dum inabalável antinazismo. E é crível, é verosímil, que o nacional-socialismo abandonasse de semelhante forma nas mãos próprios detidos aquilo que era a sua arma no extermínio dos Judeus? Ou teremos de pressupor que os dignos internados dos campos de concentração é que, em plena consonância com os intentos nazis, dispuseram do poder que lhes foi concedido para se entregarem, espontâneamente, ao massacre dos seus camaradas israelitas?
E se o que sucedia nos campos resultava duma vontade deliberada de matar, e em especial de matar judeus, como explicar o que se passou em Belsen e Dachau? No tocante ao primeiro, o acusador inglês, ao descrever a situação encontrada pelos Britânicos, afirma, «Além dos 13.000 mortos encontrados, morreram mais 13.000 nas primeiras seis semanas, apesar de todos os cuidados e atenções prestados.
Onze mil ainda se encontram no hospital seis sernan depois». Ora, se as vítimas tombavam devido «a fome, sede e maus tratos», (65) não parece pouco concebível que, um mês e meio depois
[186] de estes cessarem, ainda falecessem 13.000 pessoas? Como explicar que se mantivesse um tão elevado ritmo de mortalidade se a mesma tivesse a sua causa essencial nos propósitos assassinos do nazismo?
Quanto a Dachau, leiamos o que escreveu Camus, resistente e antifascista profissional. Começa por citar: «Temos por alimentação um litro de sopa ao meio-dia e café com 300 gramas de pão à noite ... todos os dias morrem judeus. Unia vez mortos são empilhados a um canto do campo e espera-se que haja um número suficiente para os enterrar.» E depois prossegue: «Este campo, pleno de terrível odor da morte, é o de Dachau ... Este grito foi lançado por um dos milhares de deportados políticos de Dachau, oito dias depois da sua libertação pelas tropas americanas». (66)
Quem não vê, portanto, com clareza que a mortalidade em Belsen e Dachau tem outras causas que a vontade de massacre dos nazis, pois que subsistia mesmo após a sua entrega a britânicos e yankees. E porquê só se passaria isso em Belsen e em Dachau? Porque é que únicamente aí se abriria excepção à tese de que os campos de concentração eram locais do extermínio deliberadamente querido pelo nacional-socialismo ?
Pensamos que, perante os argumentos que expusemos, tal tese recebeu golpes irreparáveis e se manifesta inaceitável.
Não queremos, ainda, deixar de acentuar que nos parece extremamente chocante o facto de não terem aparecido os textos das célebres ordens de liquidação dos Judeus dimanadas de Hitler e Himmler. Nos vários processos de Nuremberga foram exibidas toneladas de actas, relatos, etc., todos mais ou menos comprometedores. Porque é que entre eles nunca figuraram tão famigeradas ordem? (67)
Aventamos a modesta hipótese de que jamais existiram. E acrescentamos que, em nosso entender, é muito mais fácil falsificar, alterar e acrescentar documentos, efectivamente, existentes (por exemplo, interpolar referências a propósito de matança ou de matanças em discursos realmente proferidos, em relatórios de grupos realmente constituídos, etc.) do que inventá-los de alto a baixo. O risco de inverosimilhança e anacronismo, no último caso, é muito maior. E, para quê assumi-lo desnecessàriamente,
[187] se retoques de grande ou pequena habilidade bastavam para o efeito de se construir uma acusação contra aqueles que, antes de serem julgados, já eram proclamados criminosos de guerra?
Todavia, se não existiam ordens escritas e formais de extermínio, custa-nos bastante aceitar que uma série de homens se tenham lançado a essa terrifica tarefa na qualidade de executores. Pois, em tão grave cometimento, contentar-se-iam com palavras? Pois não procurariam salvaguardar a sua responsabilidade por detrás de textos inequívocos e explícitos? Não teriam receio de interpretar mal o que lhes era comunicado verbalmente, ou de virem a servir, nalgum pacto ou acordo com o inimigo, de bode expiatório, passando os próprios chefes a imputar-lhes, com indignação, toda a, culpa no ocorrido e estando eles, os executantes sem nenhuma, prova concreta para exibir em defesa?
Além disso, afirmam-nos, categòricamente, que da política de extermínio dos Judeus resultou a massacre de seis milhões destes. E cita-se o número dos que existiam na Europa em 1939 e dos que existiam em 1945. Permitimo-nos, para começar, pôr em dúvida a eventual possibilidade de semelhantes números serem exactos, uma vez que Harry L. Shapiro, director do Departamento de Antropologia do Museu Americano de História Natural, em obra editada pela Unesco, escreve: «As últimas estatísticas relativas à população judaica do Mundo, estabelecidas em 1958 pelo Comité judaico americano, mostram que essa população conta mais ou menos 12 milhões de almas. Trata-se duma avaliação subjectiva (Il s'agit là d'une estimation), dado que desde há algum tempo numerosos grupos de judeus não foram objecto de nenhuma contagem enquanto outros nunca foram incluídos num recencearriento, normal». (68) Ora se certos grupos de judeus nunca foram incluídos num recenseamento normal, como estamos seguros de que em 1945 não aumentaram tremendamente compensando as diminuições verificadas nos restantes?
Aliás, às estimativas habitualmente exibidas, nós podemos opor uma, autorízadíssima e notável, a do Sr. David Ben. Gourion, Presidente do Estado de Israel.
[188]
Elucida-nos ele «... o crescimento do número de judeus
na Europa foi contínuo, tanto em percentagem como em números
absolutos ... A percentagem dos judeus da Europa atingia o seu
máximo em 1880. Havia então 7.750.000 Judeus no
Mundo, dos quais 6.858.000 habitavam a Europa, ou seja, 88,6%
... O número absoluto dos judeus europeus continuou a crescer
depois de 1880. Em 1933, era de 9.700.000, mais ou menos, mas
a percentagem tinha descido para 58,2». (69) Quer dizer,
em 1935 a população judaica mundial elevava-se a
16.666.666.
Pois bem. Poucas páginas adiante o Sr. Ben Gourion proclama: «Depois da Segunda Guerra Mundial 10.000.000 de judeus viviam sobre o continente americano, isto é 53% do que restava do povo judaico». (70) Cinquenta e três por cento corresponde a um total de 18.867.924. Em dez anos -- de 1935 a 1945 - o número dos hebreus no Globo aumentou de mais de 2.000.000, a acreditarmos no Sr. Ben Gourion. É um acréscimo normal. Simplesmente, se somarmos a esses 2.000.000 os 6.000.000 de exterminados, a natalidade judaica de 1935 a 1945 atingiria um crescimento de cerca 50%, o que é perfeitamente inconcebível. Se nos ativermos aos dados de fonte insuspeita que citamos, o massacre da raça isrealita pelos nazis torna-se um mito impensável.
De resto, é ainda um escritor Judeu, Alex Weissberg, que afirma no seu intróito à História de Joel Brandt : «a destruição dos judeus europeus ... apenas deixou escassos vestígio nos arquivos». (71) Weissberg não pode ignorar a existência de montanhas de documentos apresentadas em Nuremberga, tanto mais que data o seu prólogo de 1956. No entanto, considera-os, pelos vistos, insignificâncias, ou poucos menos. É uma opinião muito insuspeita, que regístamos com o devido relevo.
Claro que não deixamos de esperar que nos objectem, a tudo quanto dissemos até aqui, que um grande número dos supremos dirigentes do Reich, no processo dito dos grandes criminosos de guerra, admitiu ter havido uma política de extermínio, embora fosse declarando que dela não tinha conhecimento até ao momento em que fora elucidado pelo Tribunal.
Responderemos a isto, em primeiro lugar, que, em tal processo, em vez de estarem presentes os supremos dirigentes do
[189] Reich, se encontrava um conjunto heterogéneo de personalidades, algumas de meros técnicos militares ou económicos, como Koitel, Jodl, Raeder, Doenitz e Funk, e outras de antinazis ou elementos pouco afectos ao nazismo, como Papen, Schacht, Von Neurath, outras ainda de funcionários de segundo plano ou meros intelectuais, como Fritzche, Streicher e Rosenberg, e, finalmente, outras já incompatibilizadas com o nacional-socialismo, como Hans Frank severamente punido em 1942, Baldur von Schirach, ex-chefe da Hitlerjugend, Kaltenbrunner, réu de felonia, ou Speer, esse refinadíssimo traidor, que, em plena guerra, tentou assassinar o Führer. Verdadeiros supremos dirigentes do III Reich apenas se encontravam ali presentes Goering e Hess.
Não cremos, assim, que os réus de Nuremberga possuíssem uma especial autoridade para falar em nome do movimento e das suas finalidades políticas. E note-se que os dois mais categorizados, que por inteira perfilhavam o ideário hitleriano -- Goering e Hess --, em nada aderiram à tese da acusação sobre o extermínio dos Judeus.
Comecemos, pois, por não nos espantarmos, com muitas das declarações dos componentes desse heteróclito grupo humano, intencionalmente reunido na sua desarmonia e írresponsabilidade, para criar confusão e descrédito.
E depois, em segundo lugar, observemos que todos tinham atravessado as cenas de horror dos últimos dias da Alemanha e sofrido o choque da derrocado integral do próprio pais, encontrando-se presos e submetidos a uma pressão psicológica que um deles, absolvido e hostil ao nazismo -- referimo-nos a Von Papen --, não hesitou, mais tarde, em comparar àquela que, na patética descrição de Artur Koestler no célebre romance O Zero e o Infinito, levou o preso Rubachof a confessar tudo o que lhe quiseram extorquir, (72) (não esqueçamos que tal pressão psicológica, arrastou um outro dos réus -- Robert Ley -- ao suicídio). Aceitaremos como prova o que nestas circunstâncias foi arrancado aos pobres acusados? Que admira que fraquejassem?
Em terceiro lugar, acentuemos que confirmar ou admitir factos em que se repudia qualquer interferència e qualquer direcito conhecimento é coisa completamente irrelevante.
[190] Autorizadamente, só se pode
falar daquilo em que se participou e que se conheceu. E, além
disso, por posição, ninguém menos indicado
para apreciar com serenidade e objectividade merecedoras de confiança
elementos probatórios apresentados acerca de outros, num
certo processo, do que pessoas que estão a ser julgadas
nesse mesmo processo. Por conseguinte, o reconhecimento por parte
de vários réus da validade do que foi dito acerca
do genocídío dos judeus pelo nazismo -- genocídio
de que aqueles pessoalmente nada sabiam -- nenhuma importância
tem. E notemos que, até em causa própria, alguns
chegam a confessar crimes, sendo condenados, e averiguando-se,
mais tarde, serem outros os criminosos. (73)
Em Nuremberga, o único que admitia algo contra si, no que
toca ao extermínio dos Judeus, foi Hans Frank, que concordou
ter feito declarações terríveis sobre o assunto
no Dário. Um autor inglês que participou no
processo em causa elucida-nos acerca do estado mental de Frank,
escrevendo que este último durante as audiências
«oscilou entre olhadelas de través e prantos»
(varied between leers and tears). (74)
Nesta altura, talvez nos venham observar, com ironia indignada:
mas para que é que os Judeus eram internados em campos
de concentração? Tal facto, que ninguém contesta,
não prova, já, por si só, a existência
de uma política de extermínio? Pois que outra explicação
pode receber?
Ríspostaremos que, ainda no ano de 1943, um sem-número de hebreus não estava internado em campos de concentração. (75) Encontrava-se reunido em ghettos pelo menos uma boa parte da população judaica europeia. De qualquer modo, em tempo de guerra os súbditos de países inimigos costumam ser internados em campos de concentração, prática seguida pelas mais respeitadas democracias. E se não havia, juridicamente, uma nação judaica em guerra, com o Reich, havia-a na ordem dos factos. De resto, acentue-se que o Sr. Daladier, antffascista inabalável, não hesitou em lançar em campos de concentração os rojos espanhóis refugiados em França, nas cruéis condições que Koestler descreve, na sua obra La Lie de la terre. E não existia nenhum conflito armado com os vermelhos.
[191]
É certo que pereceu muita gente nos campos de concentração,
como pereceram milhões de alemães durante o período
de 1939-1945, todos vítimas das condições
criadas por uma guerra total, implacável, cujo termo ou
era a entrega discricionária às imprópriamente
chamadas Nações Unidas ou a vitória. Mas
será lícito atacar o nacional-socialismo e atribuir-lhe
um plano de extermínio, só por não conseguir
-- numa Alemanha devastada pelos bombardeamentos terroristas,
sujeita a um rígido bloqueio, sangrada por anos de incessantes
combates e subalimentada -- estabelecer um regime disciplinar,
higiénico e alimentar francamente bom nos campos de concentração?
Não esqueçamos que os vencedores, com a sua imponente massa de recursos materiais, não puderam, imediatamente, pôr cobro à mortalidade verificada em Dachau e em Belsen. E insistamos em que, de acordo com os insuspeitos testemunhos de Rassinier, Kogon, Rousset e Lewinska as S. S. ùnicamente exerciam um contrôle deficiente e indirecto nos campos, dentro dos quais a autoridade era exercida pelos próprios detidos. Por conseguinte, responsabilizar o regime nacional-socialista pelas torturas e maus tratos que nesses locais tenham ocorrido é tão absurdo como pretender que o Ministro português da Justiça é o responsável pelas eventuais sevícias que sem o seu conhecimento estejam, neste momento, a ser exercidas nas prisões de Faro ou dos Açores.
1
/ Carta
do Tribunal Internacional Militar, art.* 6.* Cfr. Procès
des grands criminels de guerre devant le Tribunal militaire international,
texte officiel en langue française, vol. I, p. 12.
2 / Leão
Poliakov, O Terceiro Reich e os judeus, trad. italiana,
p. 151.
3 / La persécution
des juifs dans les pays de l'Est présentée à
Nuremberg, p. 1 53 Não encontramos o texto deste depoimento
de Höss na edição francesa do Procès
des grands criminels de guerre citado. Vemo-lo, porém,
indicado no volume agora referido, editado pelo Centre de Documentation
Juive, que igualmente contém documentos apresentados nos
restantes processos de Nuremberga: dos médicos, dos Einsatzgruppen.
4 /Procès
cit., vol. IV, pp. 369 e 370.
5 / Life,
em espanhol, de 26 de Dezembro de 1960, p. 14.
6 / Idem, p. 9.
Note-se que Eichmann, preso na Argentina por um «comando»
israeita, em violação dos mais notórios princípios
do direito internacional, proclamou, logo de início, mal
chegado a Israel, a sua inocência, segundo informou a insuspeita
agência F. P. em notícia (.publicada, v. g., no Comércio
do Porto de 25 de Maio de 1960), que transcrevemos: «Jerusalém,
24 -- Adolf Eichmann declarar-se-á «não culpado»
no Tribunal israelita, declarou Yehuda Halevy, juiz de instrução;
o arguido afirmou, por outro lado, que fará a prova da
sua inocência dos crimes que lhe são atribuídos
e protestou contra o facto de ser trazido para Israel sem processo
de extradição.»
Note-se que, em 24 de Maio, Eichmann não podia conhecer as acusações especificadas que lhe foram dirigidas meses mais tarde no libelo lido no Tribunal (e que, precisamente, levaram esses meses a elaborar), não tendo, por consequência, a sua afirmação de inocência um alcance exclusivamente jurídico, de resposta às asserções do Ministério Público, antes um alcance muito mais amplo de repúdio geral de quanto se dizia acerca de si no tocante ao extermínio dos Judeus. Logo não é crível que a pessoa que asseverava, assim, í sua inocência tivesse anteriormente ditado as pseudomemórias publicadas na Life em que admitia, serenamente, a sua participação (em maior ou menor grau) no citado extermínio. E frise-se, ainda, que se tratava de inocência, conceito moral, portanto, que se não compadece com uma mera ausência de responsabilidades do ponto de vista legal. Quem se diz inocente dum crime é porque não foi artífice do mesmo sob qualquer aspecto que se trate (obediência a ordens ou outro). Proclamar-se alguém inocente equivale a asseverar que tem a consciência tranquila e não apenas a asseverar que não julga que um tribunal possa condená-lo conquanto a consciência o acuse. Ora a segunda atitude é que é a do autor das pseudo-memórias editadas pela Life.
E acentue-se, além disso, que tendo asseverado de início a sua inocência, Eichmann dois dias depois reconheceria logo a sua integral culpabilidade sentindo muitos remorsos conforme nos informou, solicitamente, a Reuter, do seguinte modo: «Telavive, 26 -- Adolf Eichmann ofereceu-se para ajudar os seus captores judeus a investigarem o papel que desempenhou durante a Segunda Guerra Mundial, segundo um documento israelíta publicado hoje nesta cidade ... O documento dizia que Eichman afirmou aos seus captores que a sua prisão, após quinze anos, era um alívio ... Afirma-se, também, que confessou aos guardas da prisão que estava envergonhado pelo bom tratamento que lhe têm dados (Comércio do Porto de 27 de Maio de 1960). Todavia, o homem que se sentia aliviado e se referia ao bom tratamento de que era alvo tentava suicidar-se, ou, pelo menos, teria tido uma crise nervosa. «Londres, 6 -- Adolf Eichmann tentou suicidar-se batendo violentamente com a cabeça contra as paredes da cela, anuncia o Daily Mail, em informação do seu correspondente em Haila ... » (F. P., Comércio do Porto de 7 de junho de 1960); «Telavive 6 -- A tentativa de suicídio de Eichman a que fez alusão o correspondente em Haifa do jornal ingles Daily Mail foi categòricamente desmentida nos círculos da polícia israelita. Mas, de facto, Eichmann teria tido uma crise nervosa» (F. P., Comércio do Porto de 7 de junho de 1960).
Estas notícias são bem esclarecedoras. É evidente que Eichmann estava a ser sujeito a uma conveniente «lavagem de cérebro»: por isso, sujeito aos tratos adequados, se tentou suicidar ou, no mínimo, teve grave colapso nervoso; sendo dada como certa a sua futura «autocrítíca», eis porque dois diu depois de se ter proclamado inocente e protestado contra a captura já um «documento» israelita o apresentava aliviado, envergonhado do bom tratamento recebido, etc.
Tal autocrítica teve de facto lugar, ao que parece, no decorrer do processo. Eichmann, que se proclamara inocente nos dias imediatos à prisão, durante o julgamento, embora tentasse sempre escudar-se nas ordena recebidas, reconheceu a sua intervenção nos massacres («Haussner apresentou, então, a Eichmann um documento assinado por este, relativo à deportação para a zona de Lublin onde existiam os campos de extermínio e perguntou-lhe: «entes judeus destinavam-se a ser exterminados?» Eichmann respondeu: «Nío quero negá-lo ... estava ordenado ... Nunca neguei que infelizmente uma parte dos judeus deportados tinha de ir para os campos de extermínio. -- Audiència de 12 de julho, notícia da Reuter in Comércio do Porto de 13 de Julho de 1961) chegando a dizer: «Considoro o extermínio dos judeus um dos crimes mais enormes até hoje praticados na história da humanidade. Quando vi pela primeira vez cadáveres de judeus fiquei transtornado. Este sentimento nunca mais me deixou. Mas era obrigado por ordem a continuar o meu trabalhos (F. P., Comércio do Porto de 14 de julho de 1961).
Vislumbra-se, com nitidez, o «progresso» que decorreu desde a captura até ao momento de comparecer perante o Tribunal. Aliás, nesta altura, o estado psíquico do réu, a despeito de certas ilusórias aparèncias, era bem significativo. Em certa ocasilão, o desgraçado exclamou: «não me lembro de coisa alguma. Falha-me a memória, confundo tudo: as minhas recordações, os documentos que li, aquilo de que ouvi falar em Buenos Aires, o relatório Gerstein sobre fornecimento de gases, o livro de Poliakov ... já não tenho a certeza de seja o que for» (F. P., Comércio do Porto do 14 de Julho de 1961).
Claro que Eichmann procurou sempre ilibar-se de responsabilidades pessoais e considerar-se «instrumento de forças mais poderosas» (Audiéncia de 12, Reuter in Comércio do Porto de 13 de julho de 1961). Contudo não se julgue estranho que a «lavagem ao cérebro» não o tenha levado a uma inteira passividade perante as acusações do Ministério Público que o proclamava fautor do genocídio dos Hebreus. Tal passividade, evidentemente, tornaria impossível que o Tribunal lhe salvasse, acaso, a vida. Ora na «lavagem ao cérebro» de Eichmann citamos convencidos que entre outros «argumentos» teve grande importância o de que, se abandonasse a tese da inocènda e reconhecesse os crimes do nazismo bem como a ligação mínima que ele, Eichmann, na sua posição, tinha de ter com tais crimes, os juizes tratá-lo-iam com forte indulgéncia. Daí que o acusado exclamasse, assaz estranhamente: «Espero que depois do meu julgamento serei autorizado a escrever um livro ... servirá para a instrução das gerações futuras» (P. P., Comércio do Porto de 13 de Julho de 1961). Semelhantes palavras não se compreenderiam se Eichmam não imaginasse que lhe poupassem a vida. Se o julgamento terminasse com uma condenação à morte como esperaria escrever o livro? Como imaginaria que a execução da pena por coincidência seria precisamente tão demorada, que desse tempo para isso, ou como supor que iriam suspendê-la até o livro estar pronto (o que de certo faria com que nunca mais acabasse)?
Se Eichmann disse que esperava escrever um livro depois do julgamento com a naturalidade e a ausência de restrições com que uma pessoa diz que tenciona visitar os pais depois de vir de férias, é porque de certo deve ter sido tranquilizado nos bastidores com promessas explícitas de benevolência; em troca da renúncia à inocéncia e da admissão da existéncia dum plano nazi de extermínio dos Judeus foi-lhe, muitíssimo provàvelmente, prometida a vida. Sujeito a fortes pressões, diminuído psìquicamente, conforme vimos, com certeza aceitou o pacto. E ei-lo a acusar o nacional-socialismo e os seus chefes, a reconhecer a sua participação nas matanças conquanto procurando, por todos os meios, descomprometer-se e atenuar ao mínimo o grau da sua culpabilidade jurídica de forma a que não seja escandalosa a esperada brandura do Tribunal.
O método de resto é velho. Segundo Trotski foi graças a idênticas promessas de vida salva (além de outros actos menos suaves) que se extorquiram a Kameneff e Zinovieff as suas célebres confissões nos processos de Moscovo. (Trotski, Les crimes de Staline, pp. 65 e 107). Aqui é de crer que não se quis que o réu se considerasse tão culpado como esses famosos bolchevistas havendo para isso várias razões concernentes à montagem do processo, e que aliás coincidiam perfeitamente com a necessidade de sossegar Eichmann e de o fazer acreditar numa evenutal salvação. Em primeiro lugar, o carácter demasiado completo demasiado favorável à acusação das confissões de Zinovieff e Kameneff tornou-as, logo, suspeitas à opinião mundial; em segundo lugar, seria muito mais inverosímil que um simples tenente-coronel S. S. se considerasse fulcro do genocídio dos judeus passando por cima dos Himmler, dos Heydrich, dos Müller do que dois prestigiosos bolchevistas se confessassem artífices da conspiração anti- soviétíca e anti-estaliniana.
Seguramente que a acusação exagerado e total tinha de manter-se enquanto meio de intimidação do prisioneiro e justificação, perante o mundo, do rapto do «monstro». Não imaginemos, no entanto, que Israel esteja muito interessada em fazê-la triunfar, pois faria recair sobre Eichmann em especial a maior parte do ódio que deseja ver incidir sobre o regime nazi e seus dirientes em geral. De resto se as promessas que imaginamos terem sido feitas Eichmann serão ou não cumpridas é o que se verá através da sentença. Supomos, mesmo, que o adiamento da publicação desta para Dezembro correspondeu a uma luta de tendências, no seio do Tribunal -- dum lado propondo-se im gesto de clemência que impressionaria o universo e que permitiria conservar Eichmann à mão como arrependido que daria lições ao mundo sobre a infâmia totalitária, do outro achando-se que o réu já foi suficientemente proveitado e que é melhor desembaraçar-se dele visto o futuro ser imprevirivel, podendo suceder que, por azar, o arrependido recupere a liberdade e dê o dito por não dito. Não nos admiraremos, todavia, no caso da última corrente triunfar, se o livro (destinado a demonstrar que «o assassínio dos Judeus» foi «dos crimes mais enormes até hoje praticados», F. P., Comércio do Porto de 14 de julho de 1961), prometido para depois do julgamento, vier a ser anunciado como escrito durante o julgamento até ao momento do execução. Eichmann, embora confiado na benevolência que lhe teriam garantido experinentaria uma pressa repentina em trabalhar com eficácia por Israel antes de atingido por uma condenação que não esperava (e que não o faria desanimar). Ou então, não havendo compromissos, com a espada de Dâmocles suspensa sobre a cabeça, não pensaria noutra coisa senão em atacar o hitlero-fascismo e glorificar os seus captores. Acentue-se que um informador do Ministério da Justiça israelita comunica que Eichmann continua a escrever furiosamente, (ANI, Comércio do Porto de 28 de Outubro de 1961). Isto significa que os partidários da pena capital estão a triunfar.
Por último, observaremos que segundo o depoimento de Elchmann: «Foi na conferência de Wannsee a 20 de janeiro de 1942 que «os dirigentes do Reich» decidiram proceder ao extermínio dos Judeus como «solução final» para o problema judaico. «Os chefes mandaram-me e tinha de obedecer» afirmou. (ANI, Comércio do Porto de 27 de Junho de 1961; idêntica noticia da Reuter de idêntico dia.) Estamos aqui perante um depoimento que nos traz nova data para a decisão de massacrar os Judeus: 20 de janeiro de 1942. Kersten indica-nos o ano de 1940, Höss, 1941, Wisliceny, Abril de 1942. Agora passamos a Janeiro de 1942. Um acordo completo, consoante se vê, e que é indício inequívoco da verdade.
Resta-nos esclarecer que o chamado protocolo
da conferência de Wannsee foi analisado magistralmente no
livro Ulysse trahi par les siens, p. 43, de Paul Rassinier, que
pôs a nu a evidente falsidade desse documento apresentado
em Nuremberga. Também uma excelente análise do testemunho
de Wilisceny a que nos referimos no texto está em Rassinier,
obra cit., pp, 46 e sega.
7 / Cfr. La Persécution
des juifs dans les pays de l'Est, cit., pp. 159 e segs., e
Procès cit., vol. XI, pp. 408 a 433.
8 / Life
cit., p. 16.
9 / La Persécution
des juifs dans les pays de l'Est, pp. 93 e 95.
10 / Procés
cit. vol. III, pp. 572, e vol. XXXI, pp. 85 a 87.
11 / Idem.
12 / Procès
cit., vol. IV, pp. 319, 323, 324 e 346.
13 / Procès
cit., vol. IV, p, 356.
14 / Procès
cit., vol. IV, pp. 339 e 360.
15 / Cfr. F. J.
P. Veale, Avanço para a Barbárie, trad. espanhola,
p. 323 e José Augusto Martinez (ex-ministro da Justiça
cubano), Os processos crimes do pós-guerra, trad.
francesa, p. 300.
16 / Procès
cit., vol. IV, pp. 255 a 266, e vol. XXVI, pp. 111 a 115.
17 / La Persécution
cit., p. 277.
18 / Procès
cit., vol. IV, pp. 493, 495, 500 e 514.
19 / Segundo nos
informa a solícita agência F. P., contra Zelewski,
depois de condenado, em tribunal alemão, a quatro anos
e meio de prisão, por factos passados em 1934, é
que estão. agora, «em curso outros inquéritos»
(das autoridades policiais de Adenauer) «especialmente a
respeito de execuções que teria ordenado em Auschwitz».
Zelewski, consoante noa elucida a mesma agência, fora «testemunha
de acusação contra antigos generais S. S. no julgamento
de Nuremberga». A razão por que não alinhou
com os réus, mesmo após ter confessado que interveio
nos planos genocidas de Himmler, é impenetrável
mistério. Cfr. a notícia da F. P. de Nuremberga
de 10 de Fevereiro, publicada no Comércio do Porto
a 11 de Fevereiro de 1961.
20 / Chamamos a
atenção para a notável análise que
Maurice Bardèche fez em Nuremberg
ou la terre promise, pp. 136 a 147, dos depoimentos das
testemunhas apresentadas pela acusação francesa.
Uma delas, a Senhora Jacob, começa assim: «Recebemos
a visita» (tratava-se do campo de Compiègne) «de
várias personalidades alemãs: Stülpnagel, Du
Paty du Clam ... »
21 / Pelagia Lewinska,
Vingt mois à Auschwitz, p. 144. Um livro assim digno
de crédito serviu de base ao filósofo Gabriel Marcel
para considerações idiotas acerca da técnica
do aviltamento que, no triste entender do cavalheiro, era posta
em prática pelos nazis.
22 / Paul Rassinier,
Le Mensonge d'Ulysse,
2a edição, pp. 209 e 210.
23 / Procès
cit., vol. III, p. 508, e vol. XIX, pp. 110 e segs.
24 / Procès
cit., vol. III, p. 542. Ver no índex do referido Procès
a origem soviética -- sobre a qual achamos conveniente
chamar a atenção -- do documento apresentado como
Diário de Hans Frank.
25 / Procès
cit., vol. IV, pp. 367 e segs.
26 / Leão
Poliakov, ob. cit., p. 280.
27 / São
relativamente pouco numerosos os extractos do Diário
de Frank do Processo de Nuremberga referido. Aqui nos socorremos
de La Persécution des juifs cit., p. 199.
28 / La Persécution
cit., p. 200.
29 / Procès
cit., vol. IX, p. 653, vol. X, pp. 424 a 427, vol. XIX, p. 531,
e vol. XXXV, pp. 426 e segs., e La Persécution des juifs
en France cit., p. 264. Parece-nos que neste último
volume se transcreve mais fielmente um dos passos do interrogatório
de Ribbentrop por nós referido do que no Procès
des grands criminels de guerre. A divergência contudo
é mínima. Advirta-se que Ribbentrop, no aludido
interrogatório (v. locais citados), repelindo a exactidão
da acta na parte que lhe toca, afirma: «lembro-me perfeitamente
bem que a seguir à entrevista em causa (a respeito das
disposições antisemitas) disse ao intérprete
Schmidt que não tinha entendido bem o Führer»,
simplesmente mais adiante, quanto às fases endossadas a
Hitler, perde a sua intransigência exclamando: «Senhor
Presidente: quero esclarecer que essas palavras do Führer
me entristeceram muito»; além disso as suas advertências
a Schmidt aparecem metamorfoseadas da seguinte forma: «Recordo-me
que, pouco tempo depois desse entrevista, declarei ao intérprete
Schmidt e a alguns desses senhores que o Führer pela
primeira vez tinha dito algo que eu não compreendia mais,
isto é, em que eu não o podia seguir».
E Ribbentrop, reportando-se às frases citadas, conclui:
«O Führer certamente falou nesse sentido.»
Estamos em plena selva escura. O ex-ministro dos Estrangeiros
ora admite implicitamente que as palavras de Hitler são
as que constam no pseudo-relatório ora expressamente limita-se
a confirmar-lhe o sentido, o que, por seu turno, é novo
enigma, pois as frases do relatório caracterizam-se por
grande falta de sentido e contradição. patente como
vimos.
E, depois, Ribbentrop exclama: «O Führer certamente falou nesse sentido.» Certamente?! Quando se tem a valer uma certeza não se costuma usar locuções deste teor «certamente fez, certamente assegurou, etc.» E quem mais poderia estar certo em absoluto das palavras de Hitler do que ele, Ribbentrop ?
Aliás, seria miraculoso que, num documento elaborado por Schmidt (se o foi) confenadamente tem saber «nada de preciso», as palavras atribuídas ao Führer ou até o sentido dos seus discursos correspondessem efectivamente à realidade. A coincidência, é demasiada forte.
Para concluir, observamos o seguinte: cremos que, consoante se depreende do texto, Ribbentrop ao dizer «isto é, em que eu não o podia seguir» (ao Führer) está a fazer, agora, a interpretação actual de autodefesa das suei declarações de 1943. Na altura, deve ter-se limitado a informar Schmidt que não entendera algo das palavras de Hitler. Se assim não fora, como é que Schmidt afirmaria não saber nada de preciso, sobre os encontros Horthy-Hitler e não registaria, para si, essa coisa de sensacional que era uma divergéncia entre Riblbentrop e o Führer? E por outro lado é admissível que Rilibentrop, tendo entendido perfeitamente as palavras do Führer, fosse inventar uma não compreensão fictícia? Para quê? Como manifestação de discordância, ninguém a adivinharia. Com que fim uma mentira puramente gratuita?
A nosso ver, Rilibentrop, realmente, literalmente, não entendeu qualquer coisa das palavras de Hitler (ou porque este encolerizando-se e exaltando-se de repente surpreendesse Ribbentrop, que por um tempo o não seguiu, ou porque monotonizado por tiradas judeófobas se distraiu e pensou noutro assunto, etc.) e comunicou-o despreocupadamente a Schmidt. Apresentando-se-lhe, anos depois, um relatório onde lhe afirmam estar as frases de Hitler, que, de facto, não escutou, Ribbentrop, levado pela sua desconfiança em relação à política anti-semita, com que nunca concordou (Von Ribbentrop, De Londres a Moscovo, pp. 221 e segs.), e pela ingenuidade confiante, que é, segundo um bom observador, o fundo do Alemão (aludimos a Mussolini, cfr. B. Spampanato, Contromemoriale, vol. II, p. 310), começa por aceitá-las e por tentar ilibar-se: «estas palavras entristeceram-me», exprime-se, porém, logo a seguir, não à maneira de testemunha auditiva e visual, antes da maneira de quem não assistiu a um facto e julga, subjectivamente, por mera opinião pessoal, que se passou assim: «Schmidt seguramente não inventou isso, pois o Führer certamente falou nesse sentido.»
Quer dizer: Ribbentrop não afirma
nada de forma inequívoca, em nome próprio; julga
sim o pseudo-Schmidt digno de confiança, e é como
que neste que se firma para preencher e esclarecer o que na sua
memória não estivesse com precisão esquecendo
de que, exactamente, nenhuma outra fonte podia possuir o pseudo-Schmidt
senão ele, Ribbentrop. O documento, apresentado repentinamente
ao antigo ministro do Reich (ele refere-se em De Londres
a Moscovo, p. 228, a «documentos-surpresa»), sem
lhe dar tempo a reflectir e recordar, arrastou, sem dúvida,
Ribbentrop a concessões inadmissíveis e asserções
impensadas.
30 / Cfr. o discurso
do acusador francês, Edgar Faure, Procès cit.,
vol. VII, pp. 43 a 49.
31 / Paul Schmidt,
No palco international, trad. francesa, p. 321.
32 / Procès
cit., vol. III, p. 567, e vol. XXXII, pp. 71 a 74.
33 / Ibidem.
34 / Procès
cit., vol. lV, pp. 319 e segs.
35 / Idem, ibidem.
36 / Procès
cit., vol. XI, p. 564, e vol. XVIII, p. 102.
37 / Idem, ibidem.
38 / La Persécution
cit., pp. 139 e 140.
39 / Procès
cit., vol. III, pp. 481 e 563, e vol. XXXVI, pp. 670 a 717.
40 / Idem, Ibidem.
41 / Não
se julgue que o assunto aludido é qualquer pogrom
ou massacre. Nessa altura, está em questão, ùnicamente,
«fazer entrar a Polícia de Segurança nas cidades
de alguma importância juntamente com as tropas»; é
este o «assunto» em causa.
42 / Procès
cit., pp. 481 e 563, e vol. XXXVI, pp. 670 a 717.
43 / La Persécution
cit., p. 294.
44 / La Persécution
cit., p. 380, Poliakov, ob. cit. p. 186.
45 / La Persécution
cit., pp. 297 e 305, e Procès cit., vol. XI, p.
383, e vol. XXXIII, pp. 287 a 296.
46 / Doc. PS 2273
cit. por Poliakov, ob. cit. p. 186.
47 La Persécution
cit., p. 305.
48 / Idem, p. 84.
49 / Idem, p. 85.
50 / Léon
Leneman, in La Tragédie des juifs en U.R.S.S., p.
19, avalia os judeus da Ucrânia à volta de 1.500.000
em 1939.
51 / Poliakov,
ob. cit., p., 186, e Leneman, idem, ibidem.
52 / V. a sentença
em causa no vol. XXII do Procès cit
53 / Poliakov,
ob. cit., pp. 242, 253, 254 e 258.
54 / Eugène
Kogon, L'Enfer organisé, p. 154.
55 / Procès
cit., vol. XXII.
56 / Cfr. o primeiro
dos affidavits de Höss por nós citado -- La
Persécution cit., p. 155, e Poliakov. ob. cit., pp.
263 e 264.
57 / O texto é
transcrito por M. Bardèche, Nuremberg ou la Terre Promise, p. 158.
58 / Poliakov,
ob. cit., p. 255.
59 / La Persécution
cit., p. 118.
60 / Eugène
Kogon, L'Enfer cit. p. 275.
61 / Paul Rassinier,
Le Mensonge cit. pp. 241 e 282.
62 / David Rousset,
«La Signification de l'Affaire Dotkins-Hessel», in
Les Temps modernes, No 6. de 1 de Março de 1946.
63 / Irmão
Birin, 16 mesei de prisão em Buchenwald-Dora, p.
46.
64 / Pelagia Lewinska,
Vingt mois à Auchwitz, p. 132.
65 / Notícia
fornecida pela Reuter em 17 de Novembro de 1945, publicada no
Diário da Manhã de 18 do mesmo mês.
66 / Albert Camus,
Actuelles, vol. I, pp. 98 e 99.
67 / Não
se objecte que os altos dirigentes nazis, ditando as suas ordens
por escrito, ficariam por inteiro nas mãos dos seus subordinados.
A verdade é que estes, executando a política de
extermínio, ficavam já suficientemente comprometidos
para nada haver a temer deles. Agora os dirigentes, desde que
coisa alguma, além das palavras que o vento leva, os vinculasse
a essia política -- para mais secreta e que podiam alegar
desconhecer --, estariam numa posiçío de discricionário
domínio face aos executantes. Não cremos que os
últimos aceitassem o risco.
68 / Le racisme
devant la science, p.193.
69 / Ben Gourion,
Le Peuple et l'Etat d'lsraël, pp. 98 e 99.
70 / Idem, p. 101.
Advirtamos que, mais adiante, a p. 137, o Sr. Gourion fala no
«judaísmo da América e da Africa do Sul. 6.000.000
de almas». Quererá referir-se à América
do Sul apenas, o que seria compatível com o total de 10.000.000
em toda a América, ou terá mudado de opinião
como um catavento? Ver sobre a célebre lenda dos 6.000.000
de judeus vítimas do nazismo o esplêndido livro Ulysse
trahi par les siens, pp. 37 a 81,
de Paul Rassinier.
71 / Alex Weissberg,
A história de Joël Brandt, trad. francesa,
p. 17.
72 / Franz von
Papen, Memórias, trad. espanhola, p. 601.
73 / Cfr. os casos
reportados por M. René Floriot In Les Annales de
Otubro de 1958.
74 / Peter Calvocoressi,
Nuremberg and the consequences, p. 67.
75 / Só
em Fevereiro de 1943 foi iniciada a demolição do
ghetto de Varsóvia. Ver La Persécution
cit., pp. 176 a 178.
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